O Planeta ameaçado
Não dá mais pra ignorar. A poluição da Terra está atingindo índices tão
larmantes que é preciso não apenas esperar as ações dos outros,
mas cada um tem que tomar suas próprias iniciativas para combater
esse mal, mesmo sabendo que soluções duradouras dependem de governos,
especialmente dos países do Hemisfério Norte. Nós, da Carga Pesada,
queríamos tratar de motores eletrônicos e de Euro III dois instrumentos
de combate à poluição quando vimos que era preciso oferecer muito mais
informação aos leitores para todos (inclusive nós) podermos entender a
gravidade da situação. É o que você vai ler a partir desta página. Primeiro,
esclarecimentos sobre assuntos como efeito estufa, mudanças climáticas, devastação de florestas, problemas com a queima de combustíveis.
Depois, uma avaliação das empresas de transporte sobre o uso
(e a economia ou não) dos motores eletrônicos. E, fechando o assunto,
uma entrevista com Luso Ventura, diretor do comitê de comissões técnicas
da SAE, sobre o futuro dos motores e seus efeitos para o bolso de quem
precisa de caminhão e para a santa mãe natureza, que a tudo assiste,
calada, mas já não está agüentando mais...
Nunca a saúde de nosso planeta esteve tão ameaçada.
Imagens da degradação ambiental no Brasil:
é preciso parar com isso
Até outro dia, essa era uma frase surrada a que poucos davam atenção. Transportador de carga já sabe o que isso quer dizer: é, no mínimo, referência à poluição do ar, que afeta as grandes cidades. São Paulo, por exemplo, a maior metrópole do Brasil, já restringe o trânsito de veículos por causa do acúmulo, na atmosfera, dos gases tóxicos produzidos pelos veículos. Que o nosso óleo diesel é um dos piores do mundo, altamente poluente, todo o mundo sabe. E a melhoria dos motores, para atender as leis que restringem as emissões de gases, também é conhecida dos transportadores: os caminhões brasileiros, a partir de 2006, têm que ter motores eletrônicos e cumprir a norma Euro III.
Todos conhecem esse papo, mas parecia assunto para ecologistas, especialistas, governo. Podíamos continuar levando a vida de sempre, despreocupados, sem ligar para nada...
Pois, olhe: a saúde do planeta está se tornando um problema cada vez mais próximo de nós. Já tem gente e não é pouca, é aqui mesmo morrendo por causa disso. Embora a solução dependa mais de medidas dos governos, ninguém pode ignorar esse assunto. Temos, no mínimo, que saber o que está acontecendo. Temos que tomar esta consciência: duas das principais causas da doença do planeta, que colocam em risco a própria sobrevivência da raça humana, estão ligadas a caminhão. Uma é a queima de combustíveis fósseis, derivados do petróleo. Outra: o desmatamento de grandes áreas florestais para substituí-las pela agricultura duas atividades que dependem do transporte por caminhão.
O resultado danoso das ações humanas para a saúde da Terra não pára de crescer: a água potável pode acabar, assim como as florestas, espécies de animais e vegetais são extintas, aumenta a temperatura média (causando furacões e fenômenos climáticos como o El Niño, no Hemisfério Sul). Tudo isso põe em risco o grande planeta azul.
O PROBLEMA São muitas as razões para termos chegado a este ponto. A poluição do ar é uma das mais sérias.
O bem-estar da humanidade, nos últimos séculos, em especial no Hemisfério Norte, baseou-se, principalmente, na queima de combustíveis derivados do petróleo e de carvão mineral. Essa queima joga na atmosfera gases e partículas que não apenas causam doenças ao ser humano, à fauna e à flora, mas provocam mudanças na composição química dos gases da atmosfera, e podem estar comprometendo, a médio prazo, a vida na Terra.
O grande vilão é o gás carbônico. Ele é o maior causador do chamado efeito estufa. O gás carbônico deixa os raios solares entrarem, mas impede a saída de calor da atmosfera (como num carro ao sol com os vidros fechados). O resultado são alterações do clima, favorecendo a ocorrência de furacões, tempestades, até terremotos, e o degelo das calotas polares, aumentando o nível dos oceanos e inundando regiões litorâneas.
Informações sobre poluição: no cotidiano das grandes cidadesQuanto aos danos à saúde humana causados pela poluição do ar, estão mais que comprovados. Vão dos problemas respiratórios, alergias, lesões degenerativas no sistema nervoso ou em órgãos vitais, até câncer. Sabe-se que nos períodos críticos de poluição em São Paulo, no inverno, há um aumento de 13% na morte de crianças de menos de cinco anos e idosos com mais de 65 anos, devido a doenças cardiorrespiratórias.
AÇÕES GLOBAIS Diante desses problemas, é urgente encontrar alternativas para reduzir o impacto ambiental causado pela poluição atmosférica. As discussões envolvem o mundo inteiro. É preciso, ao mesmo tempo, reduzir as emissões de gases e estimular o seqüestro do carbono atmosférico (leia "As florestas são o futuro"). A primeira iniciativa mundial nessa direção foi realizada no Rio de Janeiro, em 1992, no ECO-92. Todos concordaram em não deixar crescer a concentração dos gases, amenizando o efeito estufa. Mas poucos países reduziram de fato suas emissões.
Foi necessário fazer novas reuniões. A mais importante até agora foi a de Kyoto, no Japão, em 1997, quando se definiram quantidades de redução da poluição para cada país, no chamado "Protocolo de Kyoto", que, no entanto, para funcionar, precisa ser aprovado por países que somem mais de 55% das emissões globais. A adesão está longe disso. Os Estados Unidos (os maiores poluidores do mundo, responsáveis por 25% das emissões de gases) não se comprometeram, assim como Austrália, China e Canadá.
Na Europa esse assunto é levado a sério. Lá eles têm metas para diminuir a quantidade de gases emitidos e incentivam tecnologias limpas. Nós conhecemos essas metas no Brasil e buscamos segui-las nos caminhões. É de lá que veio a norma Euro III, ou Conama Fase V, que é atendida com motores eletrônicos. Outra idéia que vem ganhando corpo, mas continua muito incipiente no Brasil, é a adoção do "combustível verde", o biodiesel, que foi reportagem de capa da nossa edição nº 113. O biodiesel vem dos óleos vegetais e é muito menos poluente.
ENERGIA PERDIDA - Outro dado alarmante: os veículos automotores são a principal fonte de poluição do ar, causando 90% da emissão de gás carbônico, hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio, 60% das emissões de óxidos de enxofre e 50% das emissões de partículas.
Os motores diesel são os mais poluentes. Mesmo já bastante evoluídos, eles têm baixo rendimento. Grande parte da energia química fornecida ao motor é perdida na forma de calor (energia térmica, que também é uma forma de poluição), convertendo-se a parcela restante em energia mecânica (rotação do virabrequim). Além disso, quando desregulados (mistura pobre em oxigênio), os motores diesel contribuem ainda mais para a poluição.
Daí a necessidade de viabilizar motores e combustíveis alternativos, para que fiquem ao alcance de todos e se possa reduzir a emissão de gases poluentes na atmosfera.
http://www.cargapesada.com.br
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