xororó du goias canta paixão de homem

terça-feira, 12 de outubro de 2010

O milagre do cabeçote

Humor, sorte e o sobrenatural

Os causos de caminhoneiros são tão famosos como os de pescadores. Quase todos contêm muito humor, sorte ou uma pitada de sobrenatural. O causo de Pedro Joaquim de Moraes Filho, 69 anos e com mais de 30 anos de estrada, não poderia ser diferente.

Pedro iniciou sua vida sobre rodas logo aos 18 anos. Desde então, teve como companheira de viagem e de vida carretas de 14 metros de comprimento. Alfa Romeu e Scania foram os nomes das amantes que o acompanharam por todos os Estados do Brasil e pela Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile.

O causo de Pedro aconteceu em 1965 quando transportava gasolina para Salvador e o cabeçote do caminhão quebrou num lugar sem socorro. E o pior é que só encontraria alguma oficina capacitada em Feira de Santana, a 380 quilômetros.

Mas Pedro não titubeou. Arregaçou as mangas, tirou o cabeçote e pôs os pés na estrada. Pegou várias caronas e 8 horas depois chegou na tal oficina. Arrumou o cabeçote e voltou do mesmo jeito que foi: de carona. Novamente no caminhão, colocou o cabeçote no lugar e pôs o motor para trabalhar e descobriu que ele não estava funcionando bem. O que fazer depois de tanto trabalho? Como criatividade e experiência fazem parte da vida do caminhoneiro, Pedro tirou dois microinjetores do carro e deu partida jogando água pra todo lado. E decidiu viajar assim mesmo. Rodava o máximo que podia sem parar, e quando parava soltava a água para não acumular sobre o pistão. E pela manhã, quando colocava o caminhão em movimento, enchia-o novamente de água. E assim foi nos 2.400 quilômetros que tinha de percorrer na volta para São Paulo.

Como era Dia de Finados, resolveu acender uma vela para sua falecida mãe para pedir proteção no trajeto com o caminhão problemático. Na procura por uma vela comum, achou apenas um chumaço de pequenas velas coloridas de aniversário, afinal sua santa mãezinha não iria reclamar. O que valia era a intenção!

Sua idéia era chegar à cidade de Milagres, que possuía uma cruz branca de dois metros de altura, para acender a vela. Quando avistou a cruz, já era final de uma tarde quente, sem nenhum ventinho para amenizar o terrível calor. Chegando no local, viu uma galinha preta com velas pretas e vermelhas no pé da cruz. Logo foi chutando a penosa e todas as velas, dizendo “Xô pra lá, que aqui é coisa de Deus” e ajoelhou-se para acender o pequeno chumaço de velas de aniversário. Mas assim que se ajoelhou, uma tremenda ventania quase o derrubou e de jeito nenhum conseguiu riscar o fósforo. “Era vento daqui, vento de lá, que protestei. Quem é que está enchendo meu saco?”, disse Pedro na hora. Mas de nada adiantou. Ele teve que pegar um papelão, deitar sob o caminhão e fazer uma cabana para poder cumprir sua missão. Pedro ficou instigado pelo acontecido. Afinal, segundo ele, foram as velas azuis e cor de rosa e as orações que o trouxeram de volta para casa em segurança.

fonte http://www.revistachapa.com.br/

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